Os percursos pedestres inaugurados há meio ano no Parque Natural Regional do Vale do Tua, em Trás-os-Montes, superaram as expectativas com reservas esgotadas até ao final do ano.
“Tem havido muita procura. Aliás, a procura superou claramente a nossa expectativa”, afirmou à Lusa o director do parque, Artur Cascarejo, indicando que “para 2017 os percursos já inaugurados já estão todos ocupados”, nomeadamente aos fins-de-semana.
Quem quiser fazer o percurso com guia já não vai a tempo para os dois trilhos inaugurados em Setembro, nos concelhos de Mirandela e Vila Flor, mas no fim-de-semana vai ser disponibilizado mais um percurso pedestre no concelho de Carrazeda de Ansiães.
Aquele que é o único parque natural regional de Portugal, criado como compensação pela construção da barragem de Foz Tua, tem programada a abertura de mais dois trilhos nos outros dois concelhos da área de influência, os de Alijó e Murça.
Tendo em conta o interesse, a direcção do parque começou a trabalhar numa “segunda fase” para alargar esta oferta de turismo da natureza, que “atrai cada vez mais pessoas, quer nacionais, quer a nível internacional”.
“Ainda há pouco tempo tivemos aqui 33 pessoas do Porto e de Lisboa a fazer o percurso do Amieiro (Mirandela) e que saíram maravilhadas e disseram que vão voltar”, contou o director.
O parque está a trabalhar uma candidatura ao programa transfronteiriço Interreg com espanhóis e com franceses, em que uma das componentes tem a ver precisamente com os caminhos pedestres.
Artur Cascarejo defendeu que “o turismo natureza é uma aposta completamente ganha até porque, ao mesmo tempo, estes percursos pedestres também potenciam o alojamento local e a restauração”. “Este último grupo que veio de Lisboa passou cá um fim-de-semana. De sexta a domingo estiveram alojados no território, dormiram num lado, foram comer a outro, foram fazer os percursos pedestres a outro e, portanto, é também uma forma de evitar a sazonalidade nesta parte de Inverno, em que o território não tem tanta procura ao nível turístico”, sustentou.
Desde que abriram os percursos pedestres de Abreiro e Freixiel (Vila Flor), em Setembro de 2016, já por lá caminharam “entre 500 a 600 pessoas”.
Estes são os números que o parque consegue contabilizar nos percursos da sua responsabilidade directa com guias. Mas há também o regime “autonomia”, em que particulares ou operadores turísticos se movimentam no território como entendem, e desta componente não há registo”.
O novo trilho, com inauguração marcada para domingo, no concelho de Carrazeda de Ansiães, tem características diferentes de complementaridade com o património e outros atrativos da zona, como o termalismo. A caminhada de 12 quilómetros passará pelas Caldas de São Lourenço, por uma micro-reserva, por uma calçada romana com vista para o rio Tua e a centenária linha ferroviária.
Os percursos pedestres fazem parte da estratégia de desenvolvimento para esta região partilhada pelos distritos de Bragança e Vila Real. A missão do parque é estimular projectos nas áreas social, económica, de conservação e outras para “ajudar os privados a retirarem mais dividendos do facto de estarem” nesta área protegida.
O parque integra a rede nacional de áreas protegidas, mas tem autonomia, não dependendo do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, nem de outra instituição nacional. É uma contrapartida da construção da barragem de Foz Tua e vai gerir directamente metade dos 3% da faturação anual em produção de energia disponibilizados para a região pela EDP.