Por: Fernando Pires, JN
Trata-se de uma medida de compensação da EDP para o território, decorrente da construção do Aproveitamento Hidroelétrico de Foz Tua.
Dois armazéns desativados da estação ferroviária do Tua, em Carrazeda de Ansiães, estão a ser reabilitados para ali nascer o Centro Interpretativo do Vale do Tua (CIVT).
“É um espaço de memória, preservação e promoção de toda a história em torno do caminho-de-ferro, e toda a dinâmica social e económica dos cinco concelhos que integram o Vale”, refere Fernando Barros, presidente da administração da Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua (ADRVT), promotora do projeto.
A obra representa um investimento de dois milhões de euros, que inclui a obra física, musealização do espaço e conteúdos. A primeira fase, que é precisamente a construção física, está a cumprir os prazos, e “deve estar concluída até ao Verão”, assegura o também autarca de Vila Flor, revelando ainda que já está a decorrer o processo do concurso dos conteúdos.
“Se tudo correr bem, vamos ter tudo pronto até ao final do ano”, confia.
Para o presidente da ADRVT, esta obra é exemplar pelo sinal de coesão que dá ao país. “Os autarcas abdicaram da construção de pequenos núcleos interpretativos ao longo do rio e nos seus territórios para o concentrar num único local. É um exemplo de como se deve trabalhar em conjunto”, acrescenta.
Centro inovador que mantém a originalidade
O projeto foi desenvolvido pelo arquiteto Pedro Azevedo, em colaboração com a Direção-Geral de Cultura do Norte, acautelando todos os valores arquitetónicos e culturais que caracterizam o lugar.
Os dois edifícios, um em cada lado da linha ferroviária, vão ter funções complementares. “Vamos recuperar um armazém de madeira, quase tábua a tábua, e dotá-lo das características de conforto que a construção contemporânea obriga, mas sempre mantendo a sua identidade e carácter”, ressalva o arquiteto.
No outro armazém, vai ficar o núcleo duro da exposição, dividido em três grandes temas: o vale, a linha e a barragem. “Vamos aproveitar parte da estrutura em que existe uma vista natural para a escarpa do rio Tua e também para o Douro”, adianta Pedro Azevedo.
A parte superior deste edifício promete ser inovadora. “Para além do centro de documentação, vai ter espaços de trabalho e investigação que permite a quem visita deixar o seu próprio cunho no trabalho de investigação que pretendemos seja constante sobre a linha e o vale”, destaca o arquiteto.
Outro aspeto inovador tem a ver com a cobertura e as fachadas de um dos edifícios que serão revestidas a zinco canelado. “Pretendemos introduzir um certo carácter industrial”, conclui.
Não foi possível adquirir os dois armazéns à Infraestruturas de Portugal. A ADRVT fez com aquela entidade um contrato de concessão por 20 anos, renovável. A manutenção do espaço fica a cargo do município daquele concelho.
“O Município reúne as condições para assumir a gestão operacional e exploração do CIVT, nomeadamente por dispor de recursos, de proximidade e de experiência para o efeito”, justifica o presidente da ADRVT.
Criada em abril de 2011, esta agência integra os municípios de Alijó, Carrazeda de Ansiães, Mirandela, Murça, Vila Flor e a EDP, com o intuito de promover iniciativas para valorizar os recursos endógenos e aproveitar as oportunidades criadas pela barragem.
O CIVT é o segundo grande investimento da ADRVT, depois de ter criado o Parque Natural Regional do Vale do Tua, com uma área de 25 mil hectares.