Era uma das principais contrapartidas pela construção do empreendimento hidroelétrico de Foz Tua, a implementação de um Plano de Mobilidade capaz de criar uma oferta turística de qualidade e garantir a mobilidade quotidiana das populações
Após largos meses de negociações a Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua (ADRVT) chegou, finalmente, a acordo com o Governo para garantir a concretização do ambicioso Plano de Mobilidade para o Vale do Tua que, simultaneamente assegura a criação de uma oferta turística que não existia, e é tida como produto estratégico de desenvolvimento do território, bem como a mobilidade quotidiana das populações.
Esse acordo, firmado recentemente em Lisboa, determina que o Governo financie a manutenção da linha mantendo-se os 30 quilómetros da linha férrea do Tua propriedade da Infraestruturas de Portugal (IP), que assume a parte técnica, nomeadamente, as obras de arte, túneis e geotecnia.
A IP concessionou à ADRVT o troço entre Brunheda e a Estação Ferroviária de Mirandela-Carvalhais, incluindo a infraestrutura de via, infraestrutura de obras de arte, superestrutura de via, passagens de nível e cais de embarque, bem, como o património existente ao longo da linha, designadamente os edifícios das estações.
Foi ainda estabelecido um acordo entre a CP, a IP e a ADRVT para regulamentar os termos em que o serviço de transporte de passageiros é assegurado, com qualidade e em segurança. A agência obriga-se a assegurar, por si ou através de terceiro, o transporte de passageiros no âmbito do sistema de mobilidade turística e quotidiana do vale do rio Tua.
O presidente da ADRVT, Fernando Barros, ao longo dos meses insistiu no facto de se “estar a fazer história”, por um lado porque a tendência em Portugal é a desativação da via-férrea, e este troço da antiga linha do Tua foi recuperado e vai voltar a permitir a circulação do comboio, e porque esta linha foi agora concessionada a uma agência de desenvolvimento, a ADRVT. A luta de Fernando Barros e da ADRVT ao longo dos anos foi conseguir que o comboio “voltasse a apitar”, mas com todas as condições de segurança reunidas, e que as expetativas de mobilidade das populações fossem garantidas. Este acordo é um marco importante em todo o processo porque representa a concretização de um dos projetos mais ambiciosos, do ponto de vista do desenvolvimento, de todo o território.
Têm também uma forte componente emblemática e emocional porque se reabilitam os últimos 30 quilómetros de linha férrea no distrito de Bragança e se devolve o comboio à região.
Este acordo resolve o impasse, mas para que o comboio volte a circular ainda necessário esperar pelos resultados dos testes de segurança ao novo material circulante que o empresário Mário Ferreira, que vai explorar turisticamente este projeto, tem disponíveis há alguns meses.
Ao comboio turístico juntam-se também barcos para passeios na nova albufeira da barragem, entre a Brunheda e o Tua.
Recordamos que a EDP entregou dez milhões para reabilitação da ferrovia, que já foi realizada. No entanto, são ainda necessárias outras intervenções ao longo do canal da linha, como a retirada de blocos que ameaçam queda nas encostas do Tua e a prevenção de futuros deslizamentos.
Estes trabalhos contemplam a instalação de equipamento informático, através de fibra ótica, “para detetar o movimento de blocos ao longo dos taludes”, além de drenagens e reabilitação dos carris entre o Cachão e Mirandela.
A EDP já disponibilizou cerca de 3,7 milhões de euros para estes trabalhos.