Dois armazéns desativados, de apoio da antiga Estação do Tua, Carrazeda de Ansiães, vão ser reabilitados para aí nascer o Centro Interpretativo do Vale do Tua (CIVT), um espaço de memória, preservação e promoção de toda a história em torno do caminho-de-ferro, do comboio e toda a dinâmica social e económica dos cinco concelhos que integram o designado Vale do Tua: Alijó, Carrazeda de Ansiães, Mirandela, Murça e Vila Flor.
O projeto, que representa um investimento superior a 2 milhões de euros, resulta das medidas compensatórias assumidas pela EDP, pela construção da barragem do Tua.
A primeira fase, que é precisamente a construção física do CIVT, custa mais de 700 mil euros e deve estar concluída dentro de meio ano, para de seguida se avançar com toda a musealização do espaço.
A assinatura do contrato de adjudicação e do auto de consignação da obra de construção aconteceu nesta quarta-feira, 21 de Setembro. O projeto, promovido pela Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua (ADRVT), tem sido desenvolvido em estreita colaboração com a Direção Geral de Cultura do Norte, acautelando todos os valores arquitetónicos e culturais que caracterizam o lugar: “é um projecto que pertence a todo o território e que queremos que revele e promova a verdadeira alma deste vale, que seja capaz de guardar para memória futura toda a história deste território”, referiu o presidente da ADRVT, Fernando Barros.
Em representação da EDP Produção, Ana Paula Moreira, sublinhou a importância da localização consensual desta obra e da cooperação que houve entre todas as partes. “Entendemos este centro não apenas como uma obra mas como um projeto que resulta da vontade de todos os parceiros. A EDP, que também integra a ADRVT, assume aqui não apenas a componente financeira que lhe compete, mas também um papel de articulação entre as partes para que este CIVT seja um elemento integrador de toda a região”, sublinhou.
O projeto arquitectónico foi desenvolvido pelo arquiteto Pedro Azevedo, que, respeitando as caraterísticas arquitetónicas e históricas associadas aos edifícios dos caminhos-de-ferro, desenhou dois novos espaços, funcionais, atrativos e modernos, pensados para dar resposta às necessidades da comunidade local e para responder às expetativas dos visitantes mais exigentes. “Vamos reabilitar dois antigos armazéns, um deles será muito mais virado para a comunidade, vai ter a recepção, uma loja de venda de produtos, espaços de exposições temporárias, sala de reuniões e o espaço exterior vai ser adaptado para que ali possam decorrer pequenas feiras ou outros eventos”, adiantou. No segundo pavilhão vai existir um espaço dedicado à exposição permanente mas também um arquivo e salas de trabalho e investigação.
Não sendo possível adquirir estes dois armazéns às Infra-estruturas de Portugal, a ADRVT fez com aquela entidade um contrato de concessão por 20 anos, renovável.
A manutenção e exploração do espaço vai ficar a cargo do município de Carrazeda de Ansiães.
Fernando Barros frisou que este projeto que agora avança em termos físicos é o resultado de muito trabalho e de negociações, que começaram há alguns anos. “A decisão de criar um único Centro Interpretativo que represente os cinco concelhos foi tomada pelos nossos antecessores (presidentes de Câmara), e muito bem, consideramos que temos de trabalhar em conjunto, a uma só voz, e aqui está o exemplo”, rematou.
A acção da ADRVT começa agora a ser visível no terreno. Recordamos que no seio desta agência foi criado o Parque Natural Regional do Vale do Tua, que no último fim-de-semana inaugurou os primeiros percurso pedestres deste vale, outros estão para nascer em breve, bem como as designadas “Portas” do Vale do Tua, pequenas núcleos de promoção, um por município, espaços muito informativos que foram pensados para estimular o visitante a conhecer a área do parque no terreno e que devem funcionar em complementaridade.