Eu quero voltar ao Tua! Há lugares assim…
Primeiro acolhem-nos, oferecem-nos tranquilidade, beleza, paz, conforto.
Depois revelam-nos paisagens que nos arrebatam, que nos aceleram a respiração, que nos agitam a mente, que nos fazem desejar ficar ali, parados, simplesmente a sentir a força brutal da natureza.
É assim o Vale do Tua. Eu estive lá e quero voltar.
Ninguém contesta a beleza exuberante que vaidosamente exibe todo o Vale do Tua. A paisagem é diversificada, colorida, por vezes abrupta, quase assustadora, por vezes suave e tranquila. Aqui e ali pintada pela mão dos homens que diariamente desafiam a natureza e indiferentes às escarpas retiram da terra o fruto que enche as adegas e as despensas dos agricultores, que deliciam os visitantes: vinhas, olivais, figueiras e tantas outras culturas que ali se praticam.
Este vale não se conhece na sua essência sem o experimentar, sem o provar e saborear. E é esse o desafio que o Parque Natural Regional do Vale do Tua (PNRVT) acaba de lançar: Venham experimentar o vale do Tua!
São cinco os municípios que integram este parque: Mirandela, Vila Flor, Carrazeda de Ansiães, Alijó e Murça. Mirandela e Vila Flor já têm homologados os primeiros percursos pedestres: Trilho de Santa Catarina (7,4 km) e Trilho do Vale do Tua (11,3 km), no concelho de Mirandela e Trilho do Tua-Vieiro-Freixiel (22,2 km), no concelho de Vila Flor.
Nos restantes três municípios vão também surgir em breve, já estão a ser desenhados.
E o “desenho” é escolhido em função da paisagem e da diversidade e valor patrimonial mas também em função da cultura de cada local, da riqueza agro-alimentar, da hospitalidade.
“O turista já não procura apenas destinos procura experiências e o nosso propósito é oferecer-lhe experiências plenas, enriquecedoras”, explica Artur Cascarejo, director do PNRVT.
Este parque nasceu do seio da Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua (ADRVT), presidida actualmente por Fernando Barros, presidente da Câmara de Vila Flor: “Nós queremos que os turistas venham fazer os nossos trilhos mas também que conheçam as nossas aldeias, que provem os nossos produtos, a nossa gastronomia, que fiquem hospedados nos nossos alojamentos”, sustenta.
Só assim a experiência será plena. Os trilhos já implementados exigem tempo. Não podem ser feitos com a simples intenção de caminhar. Precisam ser feitos com tempo e espaço para deixar o olhar vaguear pela imensidão do horizonte, precisam ser feitos com calma para poder absorver todas as sensações que a natureza, só por si, nos oferece.
E depois de qualquer uma destas caminhadas o turista precisa de recuperar forças aproveitando a hospitalidade das aldeias, bebendo da cultura local.
Os Trilhos
PR1 VFL Trilho do Tua-Vieiro-Freixiel (22,2 km)
A Rota “Trilho do Tua-Vieiro-Freixiel” começa junto da antiga estação de caminho-de-ferro de Abreiro e segue em direção à aldeia de Vieiro. Nesta localidade é possível visitar o Centro de Convívio e Memória que possui uma sala dedicada à pintora Graça Morais, a Igreja de Santa Maria Madalena, Capela de São Tomé e o Cruzeiro.
O Trilho continua em direcção à aldeia de Freixiel, onde se pode visitar a antiga Forca, classificada como Imóvel de Interesse Público, a Igreja de Santa Maria Madalena, a Capela de São Sebastião, a Fonte Romana e o Pelourinho, também classificado como Imóvel de Interesse Público.
O percurso continua ao longo do alto da Serra Tinta e no miradouro a visibilidade é de 360º para o território envolvente, podendo avistar-se as aldeias de Vieiro e Freixiel, o Santuário de Nossa Senhora da Assunção, e até os municípios de Mirandela e Carrazeda de Ansiães. Passando no miradouro da praia fluvial Vieiro-Abreiro, onde se avista o rio Tua e as suas deslumbrantes margens, o Trilho regressa em direção ao ponto inicial. Neste local, junto à antiga estação de caminhos-de-ferro de Abreiro, existe uma derivação do Trilho até à praia fluvial Vieiro-Abreiro, convidando a um refrescante mergulho nas águas do rio Tua.
PR4 MDL Trilho do Vale do Tua (11,3 km)
A Rota “Trilho do Vale do Tua” inicia na antiga estação de caminho-de-ferro de Abreiro, à margem esquerda do rio Tua. Após vencer o declive entre a antiga estação de caminho-de-ferro de Abreiro e a Estrada Nacional 314, segue para a Ponte de Abreiro, local de paragem obrigatória para se avistar a paisagem de vale encaixado onde ainda resistem dois pilares da Ponte Velha, conhecida localmente por Ponte do Diabo. Reza a lenda que sempre que se assentava a última pedra na guarda da Ponte, esta aparecia derrubada na manhã seguinte pelo diabo. A Ponte, que foi construída no século XVII e destruída no dia 22 de dezembro de 1909, por ocorrência das cheias, estava ligada à Calçada da Pendurada, construída na Época Medieval, que unia Torre de Moncorvo à cidade do Porto, passando por Vila Flor, Abreiro e Murça. À chegada a Abreiro, pode apreciar imponentes casas senhoriais e, mais no centro da aldeia, pode ver o pelourinho que está classificado como imóvel de interesse público. Antes de passar no Museu Dr. Adérito Rodrigues, encontra a Igreja Matriz do estilo maneirista, construída no século XVII em honra a Santo Estevão. Pode visitar o Museu Dr. Adérito Rodrigues (ilustre médico natural de Abreiro que muito ajudou a população local). Depois, segue em direção ao Miradouro do Vale do Tua, passando pela Fonte Velha e pelo Lavadouro. No Miradouro do Vale do Tua deleite-se com a riqueza e variedade de elementos da paisagem: o rio Tua com o seu traçado curvilíneo, o vale aberto onde se introduziu a vinha, a Linha do Tua paralela ao Rio e o horizonte que faz pensar sobre a imensidão da Terra. Depois desce e aproxima-se das águas do rio Tua e segue ao longo da sua margem direita até se afastar novamente do rio Tua seguindo até à aldeia de Abreiro.
PR5 MDL Trilho de Santa Catarina (7,4 km)
A Pequena Rota “Trilho de Santa Catarina” inicia-se no Museu Dr. Adérito Rodrigues, ilustre médico, natural de Abreiro que muito ajudou a população local. Segue em direção ao Miradouro de Santa Catarina, passando pela Fonte Velha e pelo Lavadouro. No alto do Miradouro de Santa Catarina pode ver as ruínas de uma antiga capela dedicada a esta Santa e subindo um pequeno patamar tem acesso à magnífica paisagem na qual se destaca a aldeia de Abreiro, vista como se tratasse de uma fotografia aérea. Este local também é designado por Poço dos Mouros pois foi, outrora, um povoado fortificado ocupado entre a Idade do Ferro e o período Romano. A riqueza e variedade da paisagem são valorizadas neste percurso, sendo o seguinte miradouro, o Miradouro do Bilhardo, um excelente local para se desfrutar de um panorama de 360º, avistando-se marcas de presença do Homem, bem como locais onde a escassez de necessidade de uso os deixou permanecer naturais. São montes e são vales que se perdem da vista, onde se reconhecem aldeias e as águas do rio Tua. Já em direção à aldeia de Abreiro, há um desvio para um lagar de azeite biológico que poderá visitar e marcar uma degustação de azeitona e dos seus produtos derivados.