Murça: O Castro de Palheiros
O Castro de Palheiros é um povoado proto-histórico, localizado num sítio excecional, soerguido num pico ou arriba bem visível na denominada “bacia de Mirandela”, situado a Sudeste da aldeia com o mesmo nome e, geologicamente, enquadra-se próximo da zona de fronteira entre rochas metassedimentares e granitos. A aproximação ao promontório faz-se através de uma paisagem matizada de pinhais e estevais, de culturas de oliveiras e amendoais e finalmente, através de uma encosta de características bem mediterrânicas, pejada de rosmaninhos, de azinheiras e de mais espécies autóctones. A ocupação deste cabeço, embora remonte ao Calcolítico e com abandono nos finais do III milénio aC, acabou por ser reocupado e de forma mais intensa já na Idade do Ferro, por volta do séc. V aC.
A ocupação urbanística e espacial, enquadrada pelos taludes pétreos, adequou-se à topografia do morro e sedimentou-se durante uma longa cronologia temporal, que terá terminado já no séc. I dC, altura em que um incêndio terá dizimado todo o povoado.
Das intervenções arqueológicas realizadas, resultou importante acervo de fragmentos e objetos, que poderão ser visitados no centro interpretativo do castro, integrando um espaço museológico, que funciona in situ e, a partir do qual, se tem uma perceção da posição estratégica que ocupa, dominando o olhar em todas as direções, impondo-se no quadro da geografia castreja do vale do Tua.
Finalmente, este promontório tem uma acrescida e complementar importância, como lugar de visita, de miradouro, de usufruto, de contemplação da natureza e como excelente observatório de estrelas, de plantas, de aves e de “leitura” geológica, bem assinalada na sua característica crista quartzítica.
Um assomo de grandiosidade telúrica na Terra Quente Transmontana, de onde se pode ter uma deslumbrante vista sobre o Vale do Tua e para as serras da Garraia e de Passos.